Jornal Correio do Município | 25 de março de 2016
Reforçou a importância do saneamento básico, que infelizmente é extremamente precário no Brasil. "Os governantes não se apegam ao saneamento porque é uma obra subterrânea a não atrai eleitores. No entanto a ausência de saneamento pode provocar verdadeiras epidemias no Brasil. Não podemos nos iludir e achar que a dengue, o zika vírus e a chicungunya não possuem relação com a falta de saneamento e somos o único país do mundo que precisa lidar com três graves epidemias ao mesmo tempo", explicou. Diversos países do mundo já contam com 100% de saneamento, enquanto que no Brasil a previsão é somente para 2050, de acordo com a ONU.
Finalizando sua palestra, o jornalista e ex-deputado deixou sua opinião quanto a situação política no Brasil:
"O Brasil viveu um período longo que está se esgotando e essa fase foi caracterizada pelo estimulo ao consumo, pela vontade de pura e simplesmente distribuir renda e melhorar a situação da população. O processo está se esgotando, pois quando apenas consumimos e não investimos, não economizamos e não nos preparamos para o futuro, esse processo se volta contra nós e acaba se esgotando. Esse modelo de desenvolvimento baseado puramente em consumo, e às vezes pouco inteligente — como inchar as cidades de carros particulares como fizemos, o que acaba com a mobilidade urbana e polui o meio ambiente — você acaba causando um prejuízo com o seu consumo. O Brasil vai ter que rever esse caminho por pura necessidade.
O poder de compra diminuiu e o desemprego aumentou de uma maneira inquietante. Pensar um novo modelo significa pensar uma nova maneira de viver. Não significa que não vamos consumir e as pessoas não vão melhorar de vida. É preciso poupar e investir, nada acontece como mágica. Não se pode fazer as coisas como têm sido feitas até agora. Então precisamos tomar algumas providências e temos que examinar nossa estrutura econômica e social e ver se estamos nos comportando de acordo com os recursos que temos. Por exemplo a questão da previdência social, nossa população está ficando mais velha, mas temos um compromisso com as novas gerações que trabalham. Como vamos estabelecer a relação entre os jovens que produzem e os que não trabalham mais? E preciso uma relação equilibrada e a previdência social no Brasil é muito desequilibrada. Sobretudo no aspecto que diz respeito as empresas privadas e ao trabalhador do serviço público. Ele oferece ao serviço público algumas vantagens que talvez não tenhamos condições objetivas de oferecer. A nossa saída com a economia vai ser esse contato com a realidade, contato permanente. Não podemos mais consumir como antes nem podemos ter o mesmo sistema de previdência social. Não podemos ter um governo que gasta do jeito que gasta. Há uns anos atrás gastamos R$800 milhões só com viagens de funcionários, num momento que já havia inúmeras possibilidades de comunicação. Porque eles viajam e queriam também as diárias. E isso precisa mudar".