Jornal Correio do Município | 25 de março de 2016
Evento em homenagem ao dia da água contou com palestrantes de renome e grandes debates.
O Dia Mundial da água é uma data de extrema relevância para a humanidade pensar e repensar suas ações para preservar o maior bem da vida: a água potável. Muito além de economizar agua, é urgente se envolver em ações sustentáveis que vão se somar a preservação do meio ambiente em toda a sua amplitude.
A 2ª Conferência Conasa — Água, Desenvolvimento e Futuro — realizada nos dias 22 e 23 de março teve o intuito de provocar os atores sociais a buscarem informações e a se organizarem com atitudes em prol do desenvolvimento social e da qualidade de vida atual e futura. Desde a mudança de hábitos e comportamentos envolvendo o meio ambiente, passando pela vigilância e cobrança das esferas governamentais, a população brasileira precisa se movimentar para construir a sua sustentabilidade.
O evento gratuito, realizado no Plaza Itapema, contou com uma diversidade de palestras e debates que abriram a mente dos participantes, que compareceram massivamente ao evento. No primeiro dia de palestras a abertura aconteceu com a coordenação de Luiz Eduardo Cheida que é médico, deputado estadual e ex-secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná. Premiado pela ONU por seus projetos ambientais, é membro titular do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Ex-prefeito de Londrina e autor de 15 livros didáticos, nos últimos 20 anos, a convite de empresas, instituições e governos, Luiz Eduardo percorreu o Brasil e mais de 30 países para realizar palestras e apresentar projetos e experiências inéditas na área ambiental. Foi contemplado com diversos prêmios nacionais e internacionais pelos projetos que empreendeu.
O evento seguiu com a palestra "água, desenvolvimento e futuro", ministrada por Eduardo Giannetti que é graduado em Economia e em Ciências Sociais pela USP e PhD em Economia pela Universidade de Cambridge, Inglaterra. Tomando como ponto de partida a filosofia econômica, o professor Giannetti vem fazendo contribuições importantes ao pensamento econômico brasileiro. Seus livros repercutem muito além dos círculos acadêmicos ou simplesmente econômicos e é considerado um dos melhores palestrantes da atualidade.
O segundo dia da rodada de palestras iniciou com o renomado jornalista e ex-deputado federal Fernando Gabeira. Destacou-se como jornalista, logo no início da carreira, na função de redator do Jornal do Brasil. Sua atuação política e jornalística foi marcante em diversos fatos importantes da vida nacional, particularmente os ligados a questão ambiental. Em 1988, lançou o livro Greenpeace: Verde Guerrilha da Paz, uma reportagem-ensaio que apresentou ao Brasil a filosofia e os bastidores da maior organização ecologista do mundo. Em 1989, foi candidato a presidente da república. Gabeira era, já então, a mais visível liderança de uma nova opinião pública, mais escolarizada, mais atenta a questões ambientais, culturais e éticas. Em 1994, elegeu-se deputado federal pela primeira vez. Foi um dos mais influentes deputados do Congresso Nacional.
Ciceroneado por Luiz Eduardo Cheida, Gabeira debateu vastamente a importância do desenvolvimento de um pensamento coletivo quanto a importância da preservação da água. "No século XX a maior disputa entre os governantes foi sobre o petróleo. No século XXI, com a escassez de recursos, a disputa vai ser sobre os recursos hídricos", afirmou o experiente pesquisador.
Os governantes não se apegam ao saneamento porque é uma obra subterrânea não atrai eleitores. No entanto a ausência de saneamento pode provocar verdadeiras epidemias no Brasil".
O ex-deputado viajou por diversos países e estados do Brasil e se fez presente em Santa Catarina durante as enchentes dos últimos tempos, se declarando satisfeito com o trabalho da defesa civil no Estado e desejando que a mesma eficiência ocorresse em todo o Brasil. Citou que em locais mais ricos, como a Califórnia (EUA) e em Pequim (China) já se estuda a dessalinização da água do mar para abastecer a população, ressaltando que o Brasil ainda não conta com um projeto como tal.