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Ao mesmo tempo em que mira oportunidades de concessões no setor de infraestrutura - incluindo saneamento, rodovias e iluminação pública - a Conasa se prepara para ir à bolsa nos próximos cinco anos. A empresa, com sede em Londrina (PR), foi constituída em 2007 com foco inicial em serviços de água e esgoto, sob nome de Companhia Nacional de Saneamento. Diante das oportunidades em outras áreas, aumentou seu escopo e alterou recentemente sua denominação para Companhia Nacional S.A.
O primeiro passo rumo à bolsa foi solicitar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) registro de companhia aberta em meados de novembro. "Pensamos em abertura de capital em 2020 ou 2021. Queremos dar à Conasa todas as práticas de governança corporativa e práticas que a Bovespa e a CVM adotam desde já", disse ao Valor o presidente da companhia, Mário Marcondes.
Uma possível oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) vai depender do momento que o país vive, ponderou. "Hoje não tem como fazer um IPO, não há nem ambiente no Brasil. Espero que lá na frente a gente tenha outro Brasil", acrescentou.
Enquanto uma emissão de ações não vem, a principal forma de financiamento da empresa tem sido a emissão de debêntures, com a captação da ordem R$ 150 milhões em 10 anos. A mais recente, em 2012, levantou R$ 70 milhões. "A Conasa estrutura a operação de debêntures após aprovação de cada concessão. A garantia para o projeto é o próprio recebível da tarifa da concessão que ganhamos", disse
Hoje, a Conasa está presente em oito municípios nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro - tanto em saneamento quanto em iluminação pública. A expectativa é fechar 2016 com faturamento de R$ 210 milhões, e chegar a R$ 350 milhões em 2017.
Para o próximo ano, a empresa aguarda os desdobramentos do programa de concessão de saneamento dos Estados, que está sendo organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Até o momento, o banco de fomento já informou que 18 Estados manifestaram interesse em aderir.
"Tendo bons projetos e desde que a Conasa tenha capacidade de participar, nós vamos participar de todos", disse. Segundo ele, a companhia vai analisar bem todos os projetos e manter o perfil conservador. Em meados de novembro, a companhia desistiu de apresentar proposta para concessão de esgoto em Vila Velha (ES), em função dos riscos que detectou na concessão.
Para o executivo, a situação do Brasil em termos de esgoto é "inaceitável", com atraso muito grande e volume de investimento necessário na casa dos US$ 300 bilhões. "Eu não tenho parâmetro para te falar se (o valor da tarifa cobrada atualmente) é alto ou baixo. Eu te garanto que é um preço justo que leva ao investimento. Elas não fazem por outros motivos: por gestão, por ineficiência", afirmou.
Nas áreas de concessões de rodovias federais e estaduais, e de iluminação pública, a Conasa aguarda as próximas licitações. "Estamos esperando agora para ver como vai ser daqui para a frente. Vai haver uma nova formatação nesses processos de concessões PPPs. Estamos nos preparando para este mercado. Lá atrás era muito difícil para as empresas de porte menor participar. E esperamos que com todas as mudanças que estão ocorrendo no Brasil haja uma abertura maior com participação de empresas menores", disse Marcondes, referindo-se às grandes empreiteiras que se envolveram nos escândalos de corrupção da Lava Jato e abriram um espaço no mercado.
Além da participação das companhias de menor porte, como a Conasa, cresce o interesse de concorrentes internacionais, avalia o executivo. Entre as estrangeiras, ele cita a espanhola Acciona, e as francesas Veolia e Suez, além da canadense Brookfield, que comprou recentemente a Odebrecht Ambiental. "Se as empresas de pequeno e médio porte não tiverem acesso a financiamento, elas vão ficar para trás novamente", disse.
Foto: Marcondes, presidente - " Hoje não tem como fazer im IPO, não há ambiente"